Ontem foi feriado aqui em função do Viola's day, ou Nova Scotia Heritage day, que é o dia de comemoração à consciência negra na províncial de Nova Scotia. Viola Desmond foi uma executiva negra que viveu entre os anos 1914 e 1965 e protagonizou uma cena de segregação racial conhecido e valorizado como uma luta por igualdade. Viola era uma ativista e lutava pelos direitos dos negros durante a segregação e, ao frequentar um cinema aqui na Nova Scotia, foi impedida de utilizar o mesmo lugar das pessoas brancas, mas recusou-se a sair de lá. Ela foi multada, mas não aceitou e ingressou na justiça com uma luta judicial contra o governo, por tê-la taxado, e contra o cinema, pela discriminação. Ela foi o primeiro representante negro a ir tão fundo na busca por direitos e igualdade aqui no Canadá. O feriado é estadual, mas no Canadá todo o mês de fevereiro é considerado comemorativo à história e luta dos negros, compartilhado com os EUA e Reino Unido. Isso se deve a Carter Woodson, americano ativista da Associação para o Estudo da Vida e da História Negra, que propôs que a segunda semana de fevereiro fosse considerada a Semana da História Negra, em alusão aos aniversários de Abraham Lincoln, em 12 de fevereiro, e de Frederick Douglass, em 14 de fevereiro. Como primeira conquista desta semana comemorativa, a história dos negros na América do Norte passou a ser conteúdo obrigatório das escolas, que era até então ignorada.
Já mencionei em outros posts a educação do povo daqui e como isso faz a diferença para o país ser desenvolvido. Pois bem, o histórico do povo africano aqui é diferente do Brasil. Os negros são realmente minoria, apesar de compartilharem a história de escravidão, e aparentemente a igualdade já está mais próxima de ser atingida, pois ainda não percebi qualquer racismo acentuado. Há negros nas universidades, em quase todos os postos de trabalho, nas ruas... Os movimentos negros pedem igualdade de direitos e reconhecimento da sua cultura. No Brasil, diferentemente, percebo que a maior luta é pelo fim da violência contra os negros, pois ainda vivemos nos tempos das cavernas e todos os dias temos notícias de violência física e sexual contra negros, além da discriminação que restringe acesso a trabalho e educação, tanto que precisamos ter cotas para equilibrar o acesso.
Enquanto no Canadá, EUA e Inglaterra fevereiro é o mês de relembrar e manter as conquistas dos negros, no Brasil é época de carnaval e de exaltar as mulheres negras como símbolos sexuais. Sei que são realidades incomparáveis. No Brasil, os negros sofrem mais pelas questões históricas e de discriminação, e a luta infelizmente está recém começando.
Acredito na igualdade de direitos e acredito também que um dia chegaremos lá, mas não sem luta, pois é assim que o Brasil é feito. Estar em um país desenvolvido é como entrar em uma máquina do tempo que nos faz conhecer como é a vida social após as conquistas para as quais lutamos. E não é tão difícil como parece. O respeito ao próximo é a grande chave do sucesso, mas como podemos ver nas manifestações "políticas" que estão acontecendo, ainda não estamos preparados para isso. Se não conseguimos sequer respeitar a opinião do conterrâneo (que foi maioria), imagina reconhecer o direito de minorias.
Acredito na igualdade de direitos e acredito também que um dia chegaremos lá, mas não sem luta, pois é assim que o Brasil é feito. Estar em um país desenvolvido é como entrar em uma máquina do tempo que nos faz conhecer como é a vida social após as conquistas para as quais lutamos. E não é tão difícil como parece. O respeito ao próximo é a grande chave do sucesso, mas como podemos ver nas manifestações "políticas" que estão acontecendo, ainda não estamos preparados para isso. Se não conseguimos sequer respeitar a opinião do conterrâneo (que foi maioria), imagina reconhecer o direito de minorias.
Viola Desmond (fonte: google imagens)
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