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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Rastros e Sombras ressurgem das cinzas

Quando voltei, estava tão revoltada com a forma como saí do Canadá que não queria falar sobre isso. As pessoas me perguntavam como tinha sido minha experiência e eu pouco falava, evitando o assunto. Agora, porém, ao retornar com as postagens no blog, recebi mensagens de outras pessoas experienciando os mesmos sentimentos e percebi o quanto meus textos podem ser importantes para outros, assim como foi para mim encontrar pessoas com as mesmas percepções que eu tinha do novo mundo. De início, pensei que meu blog terminaria com o fim da aventura. Talvez não... Não vivencio mais o dia a dia, mas ainda tenho muito a compartilhar.
A quem quiser colaborar, peço que me escreva suas dúvidas sobre o país e a experiência de brasileiro no exterior que respondo privativamente e com novos posts também.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Sobre o silenciamento na volta

Aqui venho eu, novamente, contar minhas percepções e desabafos...
Logo que cheguei todos me perguntavam sobre minha experiência e porque havia voltado. Como disse no post anterior, eu me silenciava porque não me sentia bem falando sobre isso. Ainda me sentia um pouco confusa entre o fracasso de não ter feito dar certo e a coragem de ter voltado. Agora, já reestabilizada, quero poder contar sobre o que vivi e aprendi. Mas sou silenciada. 
Poucas pessoas se interessam em ouvir sobre o outro país, mas a maioria me olha com certo desprezo, como se eu estivesse "me achando", ou querendo ser superior por ter ido. Já ouvi, inclusive, um "volta pra lá se é tão bom assim". Não quero dizer se é bom, se é melhor, ou seja lá como entendem. Quero apenas dizer que é diferente, e existe, sim, uma outra forma de ver o mundo. 
Novamente me sinto deslocada, sem pertencer a mundo nenhum. Não sou daquele mundo, pois nasci aqui, mas também não sou mais desse mundo, pois ganhei um novo ponto de vista ao viver lá. Também não posso me queixar em ter voltado, pois sou muito mais feliz aqui. Só quero poder compartilhar o que vi e vivi e elaborar minhas novas opiniões. 
"Uma mente, quando se abre para uma nova ideia, nunca mais volta ao tamanho original". Einstein nunca fez tanto sentido....

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

"E viveram felizes(?) para sempre..." - O fim do ciclo canadense e o retorno ao Brasil

Peço desculpas pelo abandono do blog e por não ter informado antes do meu retorno ao Brasil. Simplesmente não conseguia falar sobre isso, tampouco expor o retorno.
Sim, eu fui uma imigrante não que deu certo. Pela visão de quem sai do país, fui fracassada. Mas não é essa a minha visão.
Quando construí meu sonho canadense estava em um desespero total, vivendo exposta diariamente à todos os defeitos e problemas brasileiros. Eu queria fazer o certo, mas não conseguia, e estava sendo massacrada pelo nosso viciado jeitinho brasileiro. Naquele momento eu acreditava que odiava o Brasil, e que, em um país mais correto, como o Canadá, eu poderia ser "mais eu". Afinal, não tolero corrupção, por menor e mais fútil que seja, levo compromissos a sério e acredito nas pessoas como elas são, sem rótulos ou títulos: exatamente como o povo canadense é. Naquele momento parecia a melhor saída. Mas não foi.
Muitos me perguntavam se eu tinha medo da diferença cultural, e, obviamente, eu respondia que não, pois me identifico com aquela cultura. O que eu não esperava era o rótulo de imigrante, do qual eu jamais vou me livrar, e que me impede de "ser gente como a gente". Hoje entendo racismo, segregação, homofobia e qualquer outro tipo de preconceito cego. Vivi na pele o que é ser um excluído, sem chance de defesa.
Outro questionamento frequente era sobre a língua. Como estudo inglês desde a adolescência, acreditava que não era um desafio. Pois foi, e dos grandes! Uma coisa é falar inglês em um país onde é a segunda língua; outra, bem diferente, é conversar com nativos de sotaque forte. Não soube me expressar em diversas situações, e em outras consegui transformar em piada. Meu sotaque segue firme e forte, o que dificultou ainda mais as coisas. Imaginem uma gaúcha e seu típico sotaque. Agora imaginem esse sotaque em inglês. É, é bizarro. Mas as pessoas me entendiam, então, já estava de bom tamanho.
O maior desafio, porém, foi procurar emprego com o rótulo de imigrante e tendo inglês como segunda língua e com sotaque gaudério. Fui excluída de muitas vagas por ser "muito qualificada", mas, da maioria, fui excluída por ser imigrante - e com visto temporário. Não esperava de um país que necessita de mão de obra estrangeira ser tão preconceituoso com estrangeiros. A pergunta que mais ouvi nos meses que vivi lá foi: where are you from? E quando me demonstrava incomodada com a pergunta vinha a explicação: your accent is so strong... Aí eu tinha que explicar que meu sotaque é forte em português também em função do local de onde venho. As pessoas entendiam, mas eu me sentia excluída, sem lugar.
Eu não pertencia mais ao Brasil, mas também não pertencia ao novo país. Estava no limbo, no nada. Não podia mais ser psicóloga, mas também não podia ter uma nova profissão. Não podia mais falar português, mas meu sotaque denunciava que o inglês também não era meu. Não tinha mais convívio com meus amigos, mas também não tinha outros a quem chamar assim. Não tinha nada definido. Não era nada, além de uma massa amorfa. E esse preço foi muito alto, não tinha como pagar pra ver o que aconteceria. Não consegui me encontrar no velho novo, não consegui me adaptar. Fracassei.
Então tive a coragem de juntar o que restou de mim e recomeçar no meu país. Sim, aqui tem muitos problemas, mas é aqui que sou feliz.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Y del mar se enamoró...

Não tem como não se enamorar com o mar que invade a cidade e forma paisagens de tirar o fôlego. As águas do Canadá são verdadeiras obras de arte naturais - cristalinas, presentes onde menos se espera e em muita, mas muuuita quantidade. Na foto, um braço de mar que faz divisa de alguns bairros conectados por um trevo, muito movimentado, em frente a água. Aqui se observa de um lado carros e pessoas apressadas e barulhentos contrastanto com a calmaria das águas no outro lado, com patos passeando calmamente junto com pequenas embarcações turísticas. Para ser mais lindo ainda só faltou o sol dar o ar da graça.

Já esta foto foi em um parque, no final de uma baía onde apenas circulam barcos mercantis, em direção ao porto, e de passeio, em direção ao final da baía, onde há uma marina. 


As águas são cristalinas, e refletem a cor do dia - nos dias cinzentos ficam também cinzas, deixando todo o ambiente triste, mas nos dias de sol preenchem a paisagem com um azul único. É tão límpida que nas margens pode-se enxergar as pedras no fundo do mar, como pode-se perceber na beirada dessa foto:


É um espetáculo da natureza que vale muito a pena conhecer. Só não venha com a expectativa de tomar banho de mar sem roupas térmicas, pois aqui não é o melhor lugar pra isso! 


quinta-feira, 25 de junho de 2015

E tudo se renova...

Uma das coisas mais mágicas do Canadá é a rapidez com que a natureza se transforma. As árvores, folhas e flores mudam literalmente do dia para a noite. Em uma experiência fora do nosso país, essa mudança extrema também é observada em nós, em todos os aspectos.
Para ilustrar, trago duas fotos tiradas no mesmo local em 3 meses de diferença - uma comparação no Citadel, no centro de Halifax, e outra em Bedford, próxima ao mar.

(foto tirada em março, ainda no inverno)

(foto tirada em junho, no verão)

 (foto tirada em março, ainda no inverno)

(foto tirada em junho, no verão)

1,99 padrão canadense

Uma das lojas mais populares por aqui (e por todo o Canadá) é a Dollarama, ou, como eles chamam popularmente, Dollar Store. Essa é a equivalente às nossas lojas de 1,99, só que com uma variedade muito maior. Para provar, trago fotos de produtos úteis e inúteis que encontramos lá por no máximo 3 dólares. Aqui vai: