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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sobre stress no trabalho e no trânsito:

Se todos soubessem e desempenhassem seu papel e respeitassem o outro, não estaríamos falando de epidemias.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Peripécias da pós graduação

Terminei a graduação como um rito de passagem, considerando-me “gente adulta” por ter um grau no nome. Fui trabalhar e conheci um mundo novo e fascinante, onde as pessoas confiavam a mim tarefas nem sempre fáceis, mas sempre com a certeza de que eu daria conta. Me vi organizando a vida de muitas pessoas e sendo agradecida por isso. Com todas as ambições da graduação, em nenhum momento dos cinco anos que passei nela pude imaginar que o início seria tão bom, tão instigante e desafiador. Querendo manter essa experiência, voltei à Universidade, agora como pós graduanda, acreditando que o final dos dois anos me traria essa mesma sensação, ou até amplificada. Novamente intervi na vida de outras pessoas, dei pitacos e opiniões sobre como as coisas funcionam e acrescentei outro grau no meu nome. Ainda fico emocionada ao ler “Psic. Ms.”, apesar de ter lido isso bem menos vezes que o “Psic.”, que é como realmente me sinto. Porém, desta vez foi diferente. Não teve o glamour nem o reconhecimento do esforço, que foi muito maior que o da graduação. Trabalhei e estudei, me virei em várias para dar conta de tudo mais a família e a casa, e terminei o mestrado apenas tendo um “Ms.” a mais no nome. Não foi nada do que ouvi de professores e colegas, não vi aumentarem as oportunidades, tampouco o reconhecimento. Tudo o que vivenciei nos primeiros anos de trabalho ficaram por lá, e a vida de mestre acabou sendo mais difícil e frustrante que a de graduada. Talvez eu tenha passado muito tempo dentro da universidade e pouco onde realmente interessa, que é no dia a dia sofrido de cada um. Prolonguei uma ilusão, aumentei uma frustração e permaneci no mesmo lugar. A entrada da pós graduação deveria vir com um aviso: “Cuidado! Aqui tem muito trabalho e pouco glamour. Se não quiser isso, nem venha para cá, procure outros lugares mais seguros e rentáveis”. Tudo  bem, eu sei que tem pessoas com sorte maior que a minha, mas ao que vejo de colegas e pessoas próximas, infelizmente ainda são exceção. Acontece que vivemos em um país em desenvolvimento, onde a qualificação profissional é vista como um gasto desnecessário e não como investimento. Ainda temos muito do Brasil Colônia, aquela terra explorada para dar o máximo de lucro e o mínimo de investimento. Como profissionais, temos a necessidade de procurar mais conhecimento e qualificação para o que nos desafia todos os dias, mas ingenuamente não percebemos que o empregador não quer qualidade, mas quantidade, que é o que aumenta o lucro – o que realmente importa a ele. Por ironia, ouvimos muito a desculpa de “não posso te contratar porque você não tem qualificação suficiente”. Hoje ouço “você é qualificada demais, tornou-se uma profissional cara”. Na verdade, isso só serve para mascarar o “você não tem indicações, por isso não serve para nós”. O mercado de trabalho hoje é canibal, e sobreviver nele não é tarefa fácil. A verdade é que não tem lugar para todos, e se sobressai quem faz aumentar a margem de lucro entrando nesse jogo (muitas vezes sujo) de “faça aumentar meu capital, independente do que você precisa utilizar para isso”. E a pós graduação nos ensina a pensar, a julgar pelo melhor caminho e maior qualidade. Assim sendo, nós, pós graduados, somos jogados para fora desse universo por não entrar nesse ciclo vicioso. E não estou instigando que deveria ser diferente, apenas penso que vai chegar um ponto que isso precisará se equilibrar. Mas até lá, futuro mestre, fique avisado que nem tudo são flores, muito menos o seu projeto irá mudar o mundo. Mesmo assim, vá em frente, pois ainda é melhor ser uma peça fora do jogo que consegue entender e conviver com o mundo do que um alienado que sofre por assim ser. E boa sorte!