quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
#SomosTodosGordinhos
Pouco tempo antes de completar meu primeiro mês em terras canadenses tenho que confessar que ainda estou mais presente no Brasil do que aqui. Minha timeline do facebook é repleta de notícias brasileiras, meu celular ainda não aprendeu que mudou de fuso horário e localização e por vezes me vejo abrindo a previsão do tempo de Santa Maria e não de Halifax (e levo cada susto...). Essa semana uma polêmica brasileira mexeu bastante comigo. Uma reportagem infeliz do polêmico R7 sobre o corpo da Fernanda Gentil (que ao meu ver é lindo) me fez reviver meu último ano no Brasil. Passei por uma grande crise de stress no trabalho e engordei 20 kg em 6 meses. Não aguentava mais me parabenizarem pela gravidez (imaginária)... Gravidez?? Que gravidez?? Só se eu estiver esperando um hamburger... Eu me assustava em ver como as pessoas são invasivas no corpo alheio. E olha que muitas que me perguntavam estavam bem longe da boa forma! A questão é que hoje está liberado ser fiscal do corpo alheio. Eu mesma me vi obcecada em emagrecer, curtindo dietas e procurando por exercícios físicos que só detonavam mais ainda meu corpo. Parecia que era isso que eu tinha que fazer, até entender que essa doideira toda não era minha. Eu não estava (e continuo assim) incomodada com meu sobrepeso, mas sim com as coisas erradas que via no trabalho, a ingratidão e insensibilidade de pessoas próximas e a necessidade de rever minha carreira e o rumo para onde minha vida estava indo. Isso sim me tirava o sono, não meus pneuzinhos e celulites. Mas as pessoas insistiam em me humilhar e dizer que eu tinha que emagrecer. Aqui já ouvi isso, mas foi de outra brasileira. Nenhum canadense se assustou com meu peso, mas muitos já elogiaram meu rosto e currículo. E é sobre isso que quero falar. Não estou interessada em debater meus quilos extras, mas o que aconteceu durante a aquisição deles. Foram 20 quilos, um mestrado, um visto canadense, amigos sinceros, duas novas possibilidades de carreira, e o principal: sobrevivi a uma política corrupta e suja, sem me corromper e mantendo meus ideias, moral e o que acreditava ser o caminho certo, tanto para mim quanto aos meus pacientes e ao povo que pagava meu salário. Isso sim tem peso, e um peso muito maior que meus 20 quilos extras. Se um dia eu perdê-los, vai ser por um processo natural, e não por dietas loucas e exercícios frenéticos que me faziam perder a saúde e me renderam muitos desmaios. Porque eu não sou meu sobrepeso, eu sou psicóloga, mestre, fui servidora pública e hoje sou uma brasileira aventureira em terras canadenses. Eu sou meus ideais, eu sou meus sonhos, eu sou o caminho que trilho. E compartilho com a visão canadense: não me interessa como tu te apresenta, e sim quem tu é e em que tu contribui socialmente. Essa leveza, simples assim. E só.
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