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sexta-feira, 1 de maio de 2015

Direitos trabalhistas - Brasil x Canadá

No dia do trabalho, resolvi vir compartilhar com vocês diferenças entre direitos trabalhistas no Brasil e no Canadá. Digo isso porque a diferença, ao menos para mim, é gritante e surpreendente. Adivinhem qual país tem os melhores direitos trabalhistas que asseguram a segurança e saúde dos seus trabalhadores? Isso mesmo, o Brasil! Opa... Como assim?
Não, não me enganei ao escrever. Os direitos trabalhistas brasileiros estão muito mais avançados que os canadenses, apesar de este ser um país de primeiro mundo e aquele, de terceiro (ou segundo, dependendo o ponto de vista). O Canadá tem um problema muito sério em relação aos aposentados, que são cada vez mais numerosos e pesam aos que ainda estão trabalhando. Por sua vez, essa mão de obra está aquém do necessário, por isso a necessidade do governo em atrair imigrantes. Qual é a consequência? Sobrecarga de quem trabalha. Ainda, não há uma CLT, com regras padronizadas, como conhecemos no Brasil. Cada local faz suas próprias regras.
Aqui faltam algumas garantias básicas, como férias e licenças. Em alguns lugares o trabalhador só tem direito a férias após 2 anos de trabalho. Em todos, as férias são proporcionais ao tempo de serviço. Começam com 2 semanas e vão aumentando gradualmente com os anos de trabalho na mesma empresa para até 4 semanas - mas somente 2 são pagas, o resto do tempo é por conta do trabalhador. Licença maternidade depende de cada local, mas a maioria é de até 17 semanas com redução de salário (geralmente recebem só 70% do salário). Em alguns locais pode-se estender para mais tempo, mas sem receber salário. Ou seja, mantem-se o vínculo trabalhista, mas somente isso. Aposentadorias também são, em muitos locais, proporcionais, e onde é 100% a contribuição é bem alta. Feriados quase não existem. Hoje, por exemplo, é feriado, mas tudo está funcionando normalmente. Licenças de saúde também são outro problema, pois trabalhadores "part time" não tem esse direito - se ficar doente precisa recorrer ao seguro desemprego e por vezes não tem seu emprego quando voltar. Aliás, precisamos falar dessa categoria.
Há dois tipos de contrato: full time, que é o equivalente as nossas 40h semanais, em que o trabalhador recebe por mês e tem algumas garantias a mais, como direito a ficar doente. Geralmente esse tipo de contrato é para cargos maiores, como gerente. Os trabalhadores "comuns", tipo quem trabalha no comércio, são contratados "par time" e recebem por hora trabalhada. Porém, não há um padrão de horas, depende da escala. Em uma semana podem escalar a pessoa para 4h e em outra para 37h. E esses, obviamente, não tem quase nenhum direito. São explorados e descartados facilmente.
E funcionários públicos?? Primeiro mundo não tem concurso... O contrato é igual a de empresas privadas, sem nenhuma segurança e  com o mesmo tipo de seleção do setor privado.
Além de tudo isso, o tal do QI (quem indica) aqui é mais forte que no Brasil. Muitas empresas não contratam se não há referência de outro local ou pessoa influente. Existem processos seletivos que, se você não tem uma referência boa, como um gerente, seu currículo nem é analisado. Em outras, depois de todo o processo, o contrato só se efetiva após contato com a antiga empresa em que a pessoa trabalhava. Conseguem imaginar como isso é difícil para um recém chegado? Depois da primeira oportunidade as coisas se encaminham bem, mas até você ser conhecido no mercado de trabalho, é complicado...
Muitas coisas a gente só valoriza com comparação. Vendo esse sistema similar à revolução industrial, que facilmente descarta quem não produz como o esperado, não tem como não valorizar nossa querida e tão xingada CLT e sistema estatutário. Estamos mais evoluídos que muito país de primeiro mundo. Aí nosso povo elege o congresso mais conservador dos últimos tempos que quer acabar com tudo isso. Será que eles pensam que, por ser modelo de país de primeiro mundo, isso é o certo? Para o empregador, com certeza é o melhor. Para o povo, segue aquela sina de ser explorado para o lucro do patrão. Não há política pública que compense isso para o bem estar dos empregados. É a ciência evoluindo para o retrocesso humano. Pobre de quem não se revolta.

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