Serviço
público é um tema bem debatido atualmente, seja por profissionais que desejam
nele ingressar e fazer carreira, ou seja pela população desejosa por qualidade.
Quanto à população, é muito gratificante ver que “o gigante acordou” e entendeu
que os serviços públicos, de qualquer natureza, não são apenas para quem não
pode pagar particular, mas sim o retorno dos impostos pagos por todos. Sendo
assim, não é um favor que o governo faz à população, mas sim uma obrigação para
com ela. E, sabendo disso, é natural e saudável que venha essa cobrança, pois
assim conseguimos ter maior qualidade e quantidade em todos os setores.
Essa cobrança
da população fez surgir interesse em muitos profissionais de atuarem nessa
área. Isso porque temos um mercado de trabalho confuso e exigente, que cobra
dos candidatos competências e formações mirabolantes e muitas vezes impossíveis
de serem alcançadas. Assim, prestar um concurso público é uma forma de garantir
um emprego sem grandes exigências e com a garantia da estabilidade, inexistente
em qualquer outro setor do mercado de trabalho.
Isso tem feito
com que muitas vezes profissionais não tão capacitados passem em provas de
seleção e virem uma espécie de problema, sendo acomodados e não colaborativos.
Como funcionária pública em nível municipal, percebo que infelizmente esse tipo
de profissional é o único que sobrevive na vida pública deste nível. Não há atrativos
para que bons profissionais lá permaneçam, e a confusão dos serviços com a
política praticamente expulsa quem possa vir a ter outra oportunidade em algum
outro local, restando apenas os que querem sua estabilidade – e nada mais.
Aqui penso no
perigo da meritocracia, defendida por muitos. Não sou contra esse método, porém
percebo que não funcionaria em muitos setores públicos preteridos por
candidatos, como vagas municipais. Se for tirada a estabilidade, qual seria o
atrativo para permanecer em uma vida pública que preza por favores políticos e
que oferece salários nada atrativos? Quem deixaria uma oportunidade de emprego
em empresas que oferecem o dobro do salário, com as mesmas condições de
trabalho, apenas por “amor à camiseta” da máquina pública? Talvez solucione
grandes disputas em vagas muito desejadas, mas criaria um grande problema em
outros locais. Afinal, não se pode agradar a todos...
De qualquer
forma, a única certeza que temos é que vivemos em um momento de grandes
mudanças e questionamentos. Por isso, toda ideia é válida, por mais absurda que
seja, pois é questionando e refletindo sobre diferentes pontos de vista que a
sociedade evolui. E é exatamente por essa evolução que surgiu o problema
trazido neste texto.
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