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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Com a palavra, o servidor.

Serviço público é um tema bem debatido atualmente, seja por profissionais que desejam nele ingressar e fazer carreira, ou seja pela população desejosa por qualidade. Quanto à população, é muito gratificante ver que “o gigante acordou” e entendeu que os serviços públicos, de qualquer natureza, não são apenas para quem não pode pagar particular, mas sim o retorno dos impostos pagos por todos. Sendo assim, não é um favor que o governo faz à população, mas sim uma obrigação para com ela. E, sabendo disso, é natural e saudável que venha essa cobrança, pois assim conseguimos ter maior qualidade e quantidade em todos os setores.
Essa cobrança da população fez surgir interesse em muitos profissionais de atuarem nessa área. Isso porque temos um mercado de trabalho confuso e exigente, que cobra dos candidatos competências e formações mirabolantes e muitas vezes impossíveis de serem alcançadas. Assim, prestar um concurso público é uma forma de garantir um emprego sem grandes exigências e com a garantia da estabilidade, inexistente em qualquer outro setor do mercado de trabalho.
Isso tem feito com que muitas vezes profissionais não tão capacitados passem em provas de seleção e virem uma espécie de problema, sendo acomodados e não colaborativos. Como funcionária pública em nível municipal, percebo que infelizmente esse tipo de profissional é o único que sobrevive na vida pública deste nível. Não há atrativos para que bons profissionais lá permaneçam, e a confusão dos serviços com a política praticamente expulsa quem possa vir a ter outra oportunidade em algum outro local, restando apenas os que querem sua estabilidade – e nada mais.
Aqui penso no perigo da meritocracia, defendida por muitos. Não sou contra esse método, porém percebo que não funcionaria em muitos setores públicos preteridos por candidatos, como vagas municipais. Se for tirada a estabilidade, qual seria o atrativo para permanecer em uma vida pública que preza por favores políticos e que oferece salários nada atrativos? Quem deixaria uma oportunidade de emprego em empresas que oferecem o dobro do salário, com as mesmas condições de trabalho, apenas por “amor à camiseta” da máquina pública? Talvez solucione grandes disputas em vagas muito desejadas, mas criaria um grande problema em outros locais. Afinal, não se pode agradar a todos...
De qualquer forma, a única certeza que temos é que vivemos em um momento de grandes mudanças e questionamentos. Por isso, toda ideia é válida, por mais absurda que seja, pois é questionando e refletindo sobre diferentes pontos de vista que a sociedade evolui. E é exatamente por essa evolução que surgiu o problema trazido neste texto.

                

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